Me diz se a sua aula de Educação Física da escola era assim também:

A professora escolhia dois alunos para serem os capitães de cada time. Esses dois iam se revezando, cada um chamando uma pessoa da sala para comporem seu time. Os primeiros a serem chamados eram os melhores no esporte, ou os mais altos, mais ágeis… Às vezes a escolha nem era pela habilidade: o pequeno capitão ou capitã chamava primeiro quem era amigo mais próximo.

No meu caso, sempre fui mais pra mediana, costumava ser chamada lá pela metade do processo. Mas sempre rolava um medinho, uma vergonha de ficar muito pro final, estar entre os últimos a serem escolhidos. Ou aquela última pessoa, que entrou pra determinado time só por que não sobrou mais ninguém.

Muitas mulheres carregam por todas as suas vidas, especialmente suas carreiras, essa ideia de que precisam ser escolhidas por alguém.

De que “uma hora vão reconhecer” seu talento, sua habilidade e te chamar pro time.

Só que na vida adulta – mais precisamente na vida real capitalista, machista, patriarcal e misógina que a gente vive – não funciona assim. Você precisa se escolher primeiro. Se você não o fizer, dificilmente alguém o fará.

Esperar a sociedade te escolher é correr o risco de pegar só as oportunidades que sobrarem, depois todo mundo já se encaixou.

Uma pesquisa realizada pela rede social horrorosa LinkedIn mostrou que as mulheres são 16% menos propensas a se candidatarem pras vagas que encontram.

O motivo é que para se candidatar a um emprego, elas sentem que devem cumprir 100% dos requisitos – enquanto os homens já se candidatam ao considerarem que cumprem 60% dos requisitos.

Sem se candidatar, fica bem difícil mesmo conseguir aquele emprego melhor, né?

E veja só: você realmente não precisa  atender todos os requisitos do anúncio da vaga pra conseguir um emprego! Geralmente 50% já resolve!

E por que a gente não vai atrás? O que nos prende?

Eu venho tanta, TANTA mulher magnífica em seus campos de atuação ganhando salários baixos! Fazendo rendas baixas em seus negócios!!!

É cruel, mas a gente devia treinar pra ter o mesmo nível de autoconfiança de um homem branco hétero de classe média (nada contra, tenho até marido que é rs).

Porque quando somamos isso à nossa empatia, visão holística, empenho e capacidade de executar, somos uma potência. Não tem pra ninguém!

Usei o gancho do mercado corporativo por causa das pesquisas, mas se a gente for olhar pro contexto do empreendedorismo, no qual todos os dias você precisa acordar e superar todas as barreiras de baixa auto-estima, cliente pedindo desconto, dúvidas sobre qual caminho seguir no negócio + solidão pra decidir, um monte de roupa pra lavar e influenciador te fazendo se sentir um lixo nas redes sociais, não temos dúvida de que o mínimo que a gente precisa ter é fé na gente mesma.

Ou fingir que tem, porque isso já ajuda um bocado! É um bom começo.

A confiança na gente mesma é aquele pedaço de madeira no qual a Kate Winslet ficou boiando depois que o Titanic afundou: não dá pra dizer que está 100%, mas mesmo cambaleante é o aquilo vai te salvar em todas as ocasiões da sua vida.

Manda currículo praquela vaga.

Cobra aquele cliente.

Aumenta o preço do seu serviço.

Faz aquele contato no LinkedIn (urgh!) dizendo que tá buscando novos desafios.

Reivindica sua promoção.

Vai mesmo que não estiver totalmente pronta e preparada. Você aprende e melhora no caminho. É isso que “eles” fazem!

Não espere os astros se alinharem e dar tudo certo.

Uma vida mais próspera financeiramente tá esperando você escolher você mesma em primeiro lugar.