O cheque especial é um dos grandes vilões da sua vida financeira. Sabe quando você fica “negativo” na sua conta corrente? Tem banco que coloca outro nome – o Itau, por exemplo, chama o cheque especial de LIS. Há também quem chame de “limite”.

Os nomes podem variar, mas a verdade é uma só: muita gente enfrenta problemas com esse produto bancário por não entendê-lo direito ou não ter noção do que ele é, suas características e problemas que seu uso pode acarretar.

Esse artigo traz os principais aspectos que você precisa saber sobre o cheque especial e algumas dicas para você evitar a catástrofe que ele tem potencial de gerar.

Cheque especial é um empréstimo

Tem muita gente que entra no negativo (cheque especial) e fica nele um bom tempo e não sabe que se trata de um empréstimo tomado junto ao banco.

É que, como ele é um crédito pré-aprovado, você nem precisa conversar com o gerente do banco, nem fazer qualquer procedimento diferente via aplicativo. Basta usar o cartão de débito ou sacar dinheiro num valor acima do que tem na conta corrente naquele momento. Pronto, você já entrou no cheque especial.

As taxas de juros estão entre as mais altas da economia brasileira

Todo empréstimo tem um custo: você toma um valor e o paga de volta acrescido dos juros. Acontece que, devido a essa comodidade e praticidade do cheque especial, as taxas de juros que ele cobra são altíssimas.

E aqui mora o perigo: diferente de um empréstimo que você pega agora e divide o pagamento em parcelas fixas, o crédito que você obtém quando entra no cheque especial vai sendo cobrado por dia, todos os dias. Quanto mais tempo você fica nele, mais vai sendo cobrado. Quanto maior o valor que você vai entrando, mais juros você paga.

É aqui que muita gente se prejudica!!!

Na hora que cai o próximo salário, ele é “comido” pelo rombo do cheque especial, pelo IOF (que é um imposto cobrado em nossa conta corrente todas as vezes que entramos no negativo) e ainda os juros proporcionais àquele tempo x valor que estávamos no cheque especial. RESULTADO: nosso salário desaparece e temos muita dificuldade de pagar as contas do mês. Assim, a chance de entrar denovo no limite, num valor ainda mais alto e por mais tempo é bem grande.

Esse ciclo vicioso acontece por alguns motivos – o principal é porque as taxas de juros dessa modalidade de crédito são muito altas, o que gera esse efeito “bola de neve” em que a dívida cresce exponencialmente até se tornarem impagáveis.

O que vai mudar no cheque especial?

Na prática, o cheque especial continuará sendo a pior coisa que você pode fazer pela sua vida financeira.

As mudanças divulgadas pelos bancos e que entrarão em vigor em julho deste ano trazem algumas coisas boas:

Toda vez que entrar no cheque especial, você receberá um alerta do banco. Sim, antes você poderia entrar no negativo porque tinha esquecido o débito automático de algum boleto, por exemplo, e se não tivesse o costume de checar seu extrato com frequência, levaria um susto. Agora o banco vai avisar sempre que você entrar, dando-lhe a chance de tomar uma providência.

Outra mudança é que o limite do cheque especial não vai mais aparecer em seu extrato como seu “limite total disponível”. Isso sempre foi muita sacanagem, porque você batia o olho, via aquele dinheirão lá e, psicologicamente, seu inconsciente captava aquele valor – mesmo que racionalmente você soubesse que não possuía de verdade todo aquele dinheiro.

O carro chefe das mudanças está na oferta, pelo banco, de outra modalidade de crédito mais barata para os clientes que entrarem no cheque especial e lá permanecerem por bastante tempo e com um valor relevante.

Bom, pela minha experiência como coach financeira, posso dizer que essa mudança trará pouco impacto no cotidiano das pessoas. Com certeza é vantajoso trocar uma dívida mais cara por outra mais barata  – e essa é uma das estratégias que trabalho com minhas clientes endividadas.

No entanto, muito provavelmente as opões de crédito realmente mais baratas estão fora das instituições financeiras grandonas. Outro ponto é: essa substituição de uma linha por outra precisa estar acompanhada de um processo global de mudança de hábitos e organização das suas finanças no dia a dia. Caso contrário, a chance de você voltar ao cheque especial e ficar com duas dívidas juntas é enorme.

Enfim, a minha recomendação é: FUJA. Fuja do cheque especial como o diabo foge da cruz.

OK, existem alguns bancos que oferecem alguns dias sem juros para alguns clientes top master VIPs. Mas eles são exceção. Para nós, mortais, a grande massa, entrar no cheque especial é a pior coisa que você pode fazer com seu dinheiro.

As minhas recomendações gerais, são:

  • Monte sua reserva de emergência em uma aplicação que permita o resgate a qualquer momento que você precisar;
  • Organize as datas dos pagamentos das suas contas de modo que dê para pagar de maneira organizada sem ficar no negativo;
  • Tenha uma ferramenta que lhe permita ver com clareza se você está gastando mais do que ganha, se precisa cortar gastos ou ganhar mais. Pode ser a minha planilha de controle de gastos, por exemplo;
  • Se você está recorrentemente no cheque especial, procure uma outra modalidade de crédito com os juros mais baratos. No entanto, esse crédito pode não estar no seu banco tradicional. Pesquise! E não esqueça de se organizar de modo a conseguir pagar as parcelas do novo empréstimo e ainda sobrar dinheiro todos os meses para você começar a montar sua reserva.
Evelin Bonfim
Evelin Bonfim
@evelin_bonfim
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