Eu teria muita coisa pra falar sobre esses 30 dias em que fiquei no Brasil depois de 1 ano fora, mas a mais impactante delas certamente foi a minha sensação em relação ao preço das coisas.
Veja bem: é óbvio que eu sabia que tudo estava super caro por aqui. Mesmo que não fosse pelas minhas clientes que eu acompanho “gasto por gasto”, eu acompanho os indicadores econômicos e também tenho mãe que faz supermercado.
Mas nada como sentir na pele.
Você já deve ter ouvido inúmeras vezes a metáfora do sapo que é colocado na panela pra cozinhar. Ele não pula da panela porque ele não percebe o perigo, uma vez a temperatura da água vai aumentando gradativamente. Se ele fosse jogado direto na água quente, ele pularia rápido, assustado.
Minhas visitas ao supermercado por aqui um ano depois foram um choque bastante representativo.
Eu só consigo pensar no quanto o fato de o café ter dobrado de preço, bem como as carnes de cortes mais populares, que era o que a gente conseguia comprar sem sofrer, custando preços de carnes nobres… tem oprimido cada vez mais as pessoas. Tem vários exemplos por aí que daria pra falar também, com o fato de a gasolina ter subido 47% em 2021 e levando todo o custo do transporte de tudo o que é transportado lá pra cima.
Eu faço parte da classe média, assim como a maioria das pessoas que me leem aqui na newsletter. Então a gente tem um mínimo de recurso pra ser ajustado no padrão de vida para se adaptar à nova realidade. Enquanto a baixa renda se vê obrigada a voltar a fazer escolhas abaixo de um mínimo de dignidade pra sobreviver.
Só pra não dizer que não falei das flores: deixar a corda estourar no lado mais fraco da população é uma decisão de política econômica. E política econômica é política. Não podemos esquecer disso, ainda mais num ano eleitoral.
Ou seja, eu tô léguas de distância de achar que é apenas o nosso esforço individual o necessário pra contornar esse tipo de situação. Mas se você, assim como o sapo, não se movimentar, acaba cozida.
Tem muita gente entrando no endividamento agora pra pagar despesas básicas. Pra se alimentar, pra se vestir.
Eu tenho gente na família que deve algumas dezenas de milhares de reais por compras no cartão de crédito do supermercado.
A propósito, sabia que os juros do rotativo do cartão Carrefour é de 15,60% ao mês? AO MÊS!!! R$ 1.000 não pagos viram R$ 1.156 no mês seguinte. Se não deu pra pagar essa fatura, a próxima será muito mais difícil, até a dívida se tornar impagável e sua saúde mental ter sido prejudicada.
Sabia que o braço “financeiro” das lojas de departamentos e varejo em geral são os departamentos mais lucrativos dessas empresas? Vender roupa, móveis e comida já é apenas a justificativa pra te vender empréstimo. Num formato de crédito abusivamente caro.
Então os tempos diferentes exigem medidas diferentes da nossa parte também.
Fuja o máximo que puder de usar recorrentemente o crédito – no sentido de parcelas, empréstimos, pagamentos mínimos, negativo da conta corrente – pra cobrir custo de vida básico. Ainda mais essas modalidades caras. (*é muito diferente de usar o cartão de crédito como organizador e centralizador dos gastos variáveis, porque nesse método você sempre paga a fatura total, em dia, sempre à vista, e nunca pagará 1 centavo de juros; desse jeito pode!).
Eu digo com todo amor do mundo: entrar todo mês no negativo da conta corrente (conhecido como cheque especial ou LIS), NÃO É NORMAL. Algo muito drástico você precisa fazer na organização do seu orçamento para que sempre exista uma sobra, por menor que ela seja.
Não é bom não ter nenhuma reserva. Nunca foi, mas agora tá mais urgente.
E se você está endividada, esse é um bom momento de você adotar uma estratégia de quitação que preserve a sua segurança financeira e da sua família antes de qualquer coisa, priorizando primeiro trazer o orçamento cotidiano para um equilíbrio, a montagem de uma reserva mesmo que pequenininha e depois a quitação – até porque a proposta que o banco vai te fazer geralmente é um negócio ótimo para eles e péssimo pra você.
Desejo que deixe pra trás sua ingenuidade sobre suas finanças e tenha a coragem de mudar o que precisa ser mudado pra enfrentar os mares turbulentos desse momento.
Um beijo,
Evelin
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