O cheque especial é um dos grandes vilões da sua vida financeira. Sabe quando você fica “negativo” na sua conta corrente? Tem banco que coloca outro nome – o Itau, por exemplo, chama o cheque especial de LIS. Há também quem chame de “limite”.
Os nomes podem variar, mas a verdade é uma só: muita gente enfrenta problemas com esse produto bancário por não entendê-lo direito ou não ter noção do que ele é, suas características e problemas que seu uso pode acarretar.
Esse artigo traz os principais aspectos que você precisa saber sobre o cheque especial e algumas dicas para você evitar a catástrofe que ele tem potencial de gerar.
Tem muita gente que entra no negativo (cheque especial) e fica nele um bom tempo e não sabe que se trata de um empréstimo tomado junto ao banco.
É que, como ele é um crédito pré-aprovado, você nem precisa conversar com o gerente do banco, nem fazer qualquer procedimento diferente via aplicativo. Basta usar o cartão de débito ou sacar dinheiro num valor acima do que tem na conta corrente naquele momento. Pronto, você já entrou no cheque especial.
Todo empréstimo tem um custo: você toma um valor e o paga de volta acrescido dos juros. Acontece que, devido a essa comodidade e praticidade do cheque especial, as taxas de juros que ele cobra são altíssimas.
E aqui mora o perigo: diferente de um empréstimo que você pega agora e divide o pagamento em parcelas fixas, o crédito que você obtém quando entra no cheque especial vai sendo cobrado por dia, todos os dias. Quanto mais tempo você fica nele, mais vai sendo cobrado. Quanto maior o valor que você vai entrando, mais juros você paga.
Na hora que cai o próximo salário, ele é “comido” pelo rombo do cheque especial, pelo IOF (que é um imposto cobrado em nossa conta corrente todas as vezes que entramos no negativo) e ainda os juros proporcionais àquele tempo x valor que estávamos no cheque especial. RESULTADO: nosso salário desaparece e temos muita dificuldade de pagar as contas do mês. Assim, a chance de entrar denovo no limite, num valor ainda mais alto e por mais tempo é bem grande.
Esse ciclo vicioso acontece por alguns motivos – o principal é porque as taxas de juros dessa modalidade de crédito são muito altas, o que gera esse efeito “bola de neve” em que a dívida cresce exponencialmente até se tornarem impagáveis.
Na prática, o cheque especial continuará sendo a pior coisa que você pode fazer pela sua vida financeira.
As mudanças divulgadas pelos bancos e que entrarão em vigor em julho deste ano trazem algumas coisas boas:
Toda vez que entrar no cheque especial, você receberá um alerta do banco. Sim, antes você poderia entrar no negativo porque tinha esquecido o débito automático de algum boleto, por exemplo, e se não tivesse o costume de checar seu extrato com frequência, levaria um susto. Agora o banco vai avisar sempre que você entrar, dando-lhe a chance de tomar uma providência.
Outra mudança é que o limite do cheque especial não vai mais aparecer em seu extrato como seu “limite total disponível”. Isso sempre foi muita sacanagem, porque você batia o olho, via aquele dinheirão lá e, psicologicamente, seu inconsciente captava aquele valor – mesmo que racionalmente você soubesse que não possuía de verdade todo aquele dinheiro.
O carro chefe das mudanças está na oferta, pelo banco, de outra modalidade de crédito mais barata para os clientes que entrarem no cheque especial e lá permanecerem por bastante tempo e com um valor relevante.
Bom, pela minha experiência como coach financeira, posso dizer que essa mudança trará pouco impacto no cotidiano das pessoas. Com certeza é vantajoso trocar uma dívida mais cara por outra mais barata – e essa é uma das estratégias que trabalho com minhas clientes endividadas.
No entanto, muito provavelmente as opões de crédito realmente mais baratas estão fora das instituições financeiras grandonas. Outro ponto é: essa substituição de uma linha por outra precisa estar acompanhada de um processo global de mudança de hábitos e organização das suas finanças no dia a dia. Caso contrário, a chance de você voltar ao cheque especial e ficar com duas dívidas juntas é enorme.
Enfim, a minha recomendação é: FUJA. Fuja do cheque especial como o diabo foge da cruz.
OK, existem alguns bancos que oferecem alguns dias sem juros para alguns clientes top master VIPs. Mas eles são exceção. Para nós, mortais, a grande massa, entrar no cheque especial é a pior coisa que você pode fazer com seu dinheiro.